Aldair José de Paula
Alexsandro Alves de Araujo
Paulo Roberto Sales Neto
Orientador: Joanildo Burity
PROMOVENDO A TOLERÂNCIA RELIGIOSA NO ENSINO MÉDIO: ESTRATÉGIAS DE ENSINO DE SOCIOLOGIA PARA FOMENTAR O RESPEITO E A COMPREENSÃO INTER-RELIGIOSA.
Diagnóstico da situação para a intervenção: A LDB – lei das Diretrizes e Base da educação nacional, Lei N. 9394/96 e a Constituição brasileira de 1988, garantem o direito ao Ensino Religioso como parte integrante no currículo de Ensino Fundamental. Entretanto, não é obrigatório é opcional, facultativo.
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997), (LDB, (9.394/1996).
A Lei 9.394/96, também deixa bem clara a questão sobre não haver qualquer tipo de proselitismo religioso dentro das escolas por parte dos educadores.
Baseado na LDB, além das questões levantadas, o ambiente da escola deve ser um ambiente laico e acolhedor onde todas as vertentes religiosas possam se sentir contempladas pelo direito de culto e a liberdade de expressão.
Em algumas sociedades onde a religião é altamente valorizada, as comunidades religiosas tem prestigio e respeito, porque são vistas como portadoras de valores religiosos. (Inger, 2023, p. 30).
Levando isso em consideração, vejamos alguns dados sobre as duas maiores religiões, em números de adeptos, no Brasil, as religiões: católicas e as protestantes. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE (2010), a igreja Católica Apostólica Brasileira tem 560.781 pessoas adeptas a religião; a Católica Apostólica Romana 123.280.172 pessoas; Católica Ortodoxa 131.571 pessoas; Outras Religiosidades Cristãs 1.461.495 pessoas adeptas; evangélica 42.275.440 pessoas; missionária 7.686.827 pessoas. Pentecostal 25.370.484 pessoas.
Por outro lado, Inger (2023), afirma que em alguns casos, os movimentos religiosos veem vantagem em minimizar seu perfil religioso especialmente quando enfrentam restrições ou sanções legais.
De acordo com dados do IBGE (2010), o Candomblé tem 177.363 pessoas adeptas no Brasil no referido ano. Levando em consideração a afirmação de Inger (2023), podemos entender que o fato de pertencer a uma minoria religiosa, pode fazer com que os adeptos do candomblé na escola não manifestem as suas crenças nem seus gostos por determinadas religiões para não sofrerem nenhum tipo de sansão ou restrição simbólica.
Os dados mostram uma enorme disparidade em números e funcionam como reflexo da escola na educação religiosa quando se trata da contemplação das religiões, entre outras, as de matrizes africanas no currículo escolar.
A LDB determina a inclusão do ensino religioso, embora de forma optativa, porém, por causa da pouca representatividade religiosa algumas religiões são se veem contempladas.
Ou seja, mesmo quando se considera as religiões de matrizes africanas como religião, apesar do tabu, é como uma forma inferior e primitiva da manifestação do sagrado. Baseado em Inger (2023), há um etnocentrismo religioso que é latente e substancial em relação ao que é a religião, e que enxerga a religião Católica e Protestante de forma etnocêntrica e ignora outras formas de religião e de religiosidade,
Baseado nessas informações, há indícios para propor que se deva haver a promoção do ensino religioso nas escolas públicas de forma laica e que possa contemplar algumas religiões do Brasil, ou seja, se faz necessário a introdução da disciplina de religião sem um viés religioso, contemplando o direito a educação religiosa e liberdade de expressão de qualquer tipo de espiritualidade.
Dentro das instituições públicas de ensino, alunos que são pertencentes a minorias religiosas podem estar se sentindo muitas vezes excluídos ou desvalorizados nas instituições por causa da predominância de religiões majoritárias ou pela falta de reconhecimento das suas crenças e tradições, e talvez até a intolerância religiosa.
A BNCC no capítulo 5.4. “A área de ciências humanas e sociais aplicadas”: [...] prevê que os estudantes explorem conhecimentos próprios da Geografia e da História: temporalidade, espacialidade, ambiente e diversidade (de raça, religião, tradições étnicas etc.), modos de organização da sociedade e relações de produção, trabalho e poder, sem deixar de lado o processo de transformação de cada indivíduo, da escola, da comunidade e do mundo. (BNCC, pg.561)
Nesse sentido, se faz necessária uma intervenção pedagógica que seja possível apresentar aos alunos/as diferentes religiões existentes no Brasil, seu rituais, suas formas de vivenciar o sagrado, suas origens etc. possibilitando que no decorrer da atividade os estudantes percebem que todas as formas de expressão cultural/religiosa sejam respeitadas, focando na educação para a tolerância religiosa e ajudando a criar um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso onde todos/as se sintam valorizados independentes de sua crença religiosa.
Ademais, falta conteúdo específico que possam trabalhar questões dentro do espaço escolar que envolva tolerância religiosa. Embora que a grande maioria das secretarias de educação não forneça material didático para trabalhar tais questões de forma específica, o professor pode elaborar o seu próprio material, se utilizando da biblioteca da escola e da internet, por exemplo.
Na cultura africana, por exemplo, há uma rica mitologia que é desconhecida e excluída do currículo oficial. Conhecer os mitos de criação das diferentes religiões pode ser um bom início de trabalho. As músicas podem ser usadas como recurso pedagógico para montar o material de apoio do/a professor/a.
Possibilidade da proposta e caracterização da modalidade de intervenção escolhida
O oferecimento de um mini curso com o tema sobre religião para alunos do 2° ano do Ensino Médio tem como objetivo principal proporcionar aos estudantes uma compreensão ampla e contextualizada das religiões, explorando não apenas seus aspectos espirituais, mas também sua influência nos âmbitos político, social e cultural. Este projeto visa aprofundar esses conhecimentos por meio de uma metodologia que envolve uma sequência didática que terá quatro aulas que terão como tema:
1) Introdução à religião e juventude;
2) A complexidade da identidade religiosa na juventude;
3) Religião, educação e formação de identidade;
4) Promovendo a tolerância religiosa na educação.
Após a aplicação das quatro aulas propostas nessa intervenção, os estudantes poderão fazer uma exposição para que a escola inteira possa ter acesso, no pátio ou corredores da escola e assim, os estudantes de outras turmas e turnos possam ter contato com a existência e importância de diferentes religiões existentes no nosso país.
A exposição poderá ser em forma de fotografias, pequenos textos, desenhos e recortes de revistas e jornais, afixados na parede ou num varal, sempre com a presença de um estudante-guia da exposição, que poderá dialogar e conversar mais com os visitantes.
Ainda, para a elaboração dessas sequências serão usados textos da disciplina de Juventude e Religião disponibilizada na ementa do curso e outros textos.
Justificativa
A formação da juventude é influenciada por um número crescente de elementos. Anteriormente, a socialização dos jovens estava restrita a algumas instituições socializadoras, como a família, a escola e a igreja, o que resultava em uma razoável homogeneidade de valores. Hoje, muitas outras instituições participam desse processo, apresentando formas variadas de ser jovem e contribuindo para uma socialização mais heterogênea(“Parecer CNE/CEB no 5/2011, aprovado em 4 de maio de 2011”, [s.d.]).
Segundo Dayrell (2003), existem diversas formas de compreender a juventude. Uma perspectiva a vê como uma fase etária da vida, enquanto outra apresenta uma visão romântica, que se cristalizou a partir dos anos 1960, caracterizando o jovem como um sujeito social. Além disso, Dayrell (2023) afirma que construir uma noção de juventude na diversidade implica, em primeiro lugar, considerá-la não mais presa a critérios rígidos, mas sim como parte de um processo de crescimento mais abrangente. Esse processo ganha contornos específicos a partir das experiências vivenciadas pelos indivíduos em seu contexto social.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), reconhecer que existem diversas juventudes implica organizar uma escola que acolha a diversidade, promovendo de maneira intencional e contínua o respeito à pessoa humana e aos seus direitos. Além disso, é essencial garantir que os estudantes sejam protagonistas de seu próprio processo de escolarização, reconhecendo-os como interlocutores legítimos em questões de currículo, ensino e aprendizagem (“Base Nacional Comum Curricular - Educação é a Base”, [s.d.]).
Nesse sentido, uma sequência didática como intervenção permite explorar temas de forma objetiva e específica sobre a diversidade religiosa. Isso se torna importante para abordar a complexidade da tolerância religiosa, apresentando diversas religiões e suas práticas, ajudando a desconstruir preconceitos e promover o respeito.
Além disso, contribui para a compreensão da importância das religiões na sociedade brasileira e mundial, destacando suas influências sociais e culturais, o que favorece a formação de uma consciência crítica e inclusiva.
A disciplina também pode colaborar para o cumprimento da competência 5 da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas que enfatiza que uma das finalidades do currículo do Ensino Médio é Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos (“Base Nacional Comum Curricular - Educação é a Base”, [s.d.]) e da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que destacam a importância de explorar a diversidade cultural religiosa sem proselitismo.
Ainda também, atraindo estudantes que tem interesses no tema, resultando no engajamento mais significativo.
Nesse sentido, nos propormos a elaborar uma sequência didática que possa ser utilizada, com o seguinte tema: Promovendo a tolerância religiosa no Ensino Médio: estratégias de ensino de Sociologia para fomentar o respeito e a compreensão inter-religiosa. O qual será utilizado por professores de Sociologia nos Itinerários Formativos de Ciências Humanas.
Estrutura das Aulas
Aula 1: Introdução à Religião e Juventude |
Objetivo: Apresentar o conceito de religião e discutir sua importância na formação da identidade juvenil. |
Conteúdo: |
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Aula 2: A Complexidade da Identidade Religiosa na Juventude |
Objetivo: Explorar a diversidade de identidades religiosas entre os jovens e como essas identidades são formadas e expressas. |
Conteúdo: |
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Metodologia: |
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Atividade: |
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Aula 3: Religião, Educação e Formação de Identidade |
Objetivo: Discutir a intersecção entre religião, educação e a formação da identidade juvenil. |
Conteúdo: |
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Metodologia: |
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Atividade: |
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Aula 4: Promovendo a Tolerância Religiosa na Educação |
Objetivo: Desenvolver estratégias para promover a tolerância religiosa e o respeito mútuo no ambiente escolar. |
Conteúdo: |
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Metodologia: |
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Atividade: |
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Exposição Escolar: Culminância |
Compartilhar os conhecimentos adquiridos com toda a escola, promovendo a conscientização e o respeito à diversidade religiosa. |
Exposição Escolar |
Objetivo: Compartilhar os conhecimentos adquiridos com toda a escola, promovendo a conscientização e o respeito à diversidade religiosa. |
Formato: |
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Preparação: |
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Avaliação: |
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Recursos: |
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Essa sequência didática visa proporcionar uma compreensão parcial e contextualizada das religiões, fomentando um ambiente escolar de respeito e tolerância.
VÍDEO COMPLEMENTAR PARA SALA DE AULA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Base Nacional Comum Curricular - Educação é a Base. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#medio>. Acesso em: 8 jun. 2024.
BODART, Cristiano das Neves; OLIVEIRA, Rafaela Reis Azevedo de. "O Lugar do Ensino de Sociologia no Novo Currículo de Alagoas". Cadernos da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais, v. 6, n. 1, p. 48–78, 2022.
BRAGANHOLO, H. et al. "Novo Ensino Médio e a (Não) Formação de Professores na Perspectiva dos Estudantes". I SELICEN - Seminário das Licenciaturas – PIBID.PRP.UFFS & II SILE - Seminário Internacional de Letras da Fronteira Sul, 2023.
DAYRELL, J. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação, n. 24, p. 40–52, dez. 2003.
Ferreira, W. (2022). "Os Dez Anos da ABECS e os Desafios do Ensino de Sociologia Frente à Reforma do Ensino Médio". Cadernos da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais, 6(1), 6–14. Recuperado de https://cabecs.com.br/index.php/cabecs/article/view/396.
Inger, F. (2023). Sociologia da religião: Perspectivas Clássicas e contemporânea. Petropolis - RJ: Vozes.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE (2010), Censo 2010, Amostra- Religião. Fonte: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pesquisa/23/22107. Acesso em: 01/06/24.
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Fonte: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/lei%209394.pdf. Acesso em: 01/06/24.
Marinho, P. M. (08 de 05 de 2024). Intolerância religiosa, racismo epistêmico e as marcas da opressão cultural, intelectual e social. Fonte: Scielo Brasil: https://www.scielo.br/j/se/a/7nwNP6t5HpR4YhyWL64hbFp/#.
Parecer CNE/CEB no 5/2011, aprovado em 4 de maio de 2011. Disponível em: <https://normativasconselhos.mec.gov.br/normativa/view/CNE_PAR_CNECEBN52011.pdf?query=M%C3%89DIO>. Acesso em: 8 jun. 2024.
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