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Foto do escritorAlexsandro Alves de Araujo

Devaneios sobre a meritocracia

Atualizado: 7 de jan.

Cena do filme Parasitas

Alexsandro Araujo


As relações sociais e os relacionamentos modernos fizeram as pessoas tratarem a si mesmas e às outras como categorias linguísticas. Por exemplo: “Alto, inteligente, engraçado, burro, feio”, e acabam segregando os indivíduos por meios de divisões, os colocando em situações de pertencimento e não pertencimento.

Por exemplo, você já deve ter ouvido alguém dizer: “fulano quando chegou aqui era tão quietinho”?

Elton Mayo com a teoria das relações humanas parece ter tropeçado por acaso na importância dos afetos, da família e dos laços estreitos no trabalho.

O autor descobriu que não são somente os fatores econômicos que influenciam o desempenho dos trabalhadores, mas também os sociais.

O fato de questionar a mudança comportamental em fulano demostra uma relação de poder dissimulada em forma de brincadeira, disfarçando a visão pessoal de não pertencimento do outro. Uma atitude que pode estar relacionada muitas vezes ao habitus, o campo e a falta dos capitais: acadêmico, cultural, político etc. de Pierre Bourdieu.

Assim, a percepção das mudanças de comportamento em indivíduos, como no exemplo citado, não apenas sugere a influência do meio social no comportamento das pessoas, mas também expõe a complexidade das relações interpessoais, marcadas por estratificação, dinâmicas de poder e controle, as quais, muitas vezes, são mascaradas no nosso cotidiano em forma de lazer.

Tais dinâmicas, frequentemente reforçam as barreiras invisíveis que estruturam a interação entre os sujeitos, expondo as relações sociais de poder e controle entre indivíduos em situações sociais diferentes, os colocando em situações antagônicas. De pertencimento e lugar de fala, e de não pertencimento.

Ou seja, de credencialíssimo e mérito como afirma Sandel.

Essa credencial dá a possibilidades de participar e atuar livremente, opinar dentro das relações sociais e é legitimada pelo próprio mérito de estar alí naquele espaço. Por exemplo, a cor da pele, a região geográfica onde a pessoa que detém o status mora ou a que teve um processo seletivo diferente.

Esse tipo de relação social deixa claro que as relações sociais no Brasil têm certos traços de sociedades estamentais e, aparentemente, ainda somos um tipo de sociedade de castas tupiniquim, que é muito excludente.

Porém, nas sociedades estamentais havia uma insignificante possibilidade de mudança social pelos meios econômicos enquanto que nas sociedades de castas essa possibilidade era zero.

Ou seja, fulano não deve só chegar, mas continuar quietinho, se quiser permanecer no seu “lugar”, por que a sociedade de castas pode até dar condições econômicas, mas o status é atribuído por ela e não adquirido pelos indivíduos.

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