Alexsandro Alves
Segundo Michel Foucault, o poder não atua unicamente de forma vertical, de cima para baixo, ele tem uma certa capilaridade a qual o autor descreve como uma força que tem o poder de exercer influência em todas as direções e sentidos. A predominância do poder ou de uma força sobre outra depende de qual é mais eficaz em um determinado momento. Por exemplo, um ímã pode puxar um pedaço de metal para cima, enquanto a gravidade o empurra para baixo; o resultado depende da intensidade das forças envolvidas. Assim é o poder sob a perspectiva do autor! Para Foucault, o objetivo do poder é controlar os corpos, tornando-os dóceis e obedientes. Um exemplo cotidiano disso é como um simples olhar pode constranger e alterar o comportamento de alguém.
Pierre Bourdieu, outro autor importante, fala sobre a teoria do campo, que é o espaço social onde regras e relações de poder se estabelecem. Para permanecer no campo, é preciso conhecer e dispor do capital necessário para atuar livremente, alem de respeitar essas regras, como ocorre em um campo de futebol, onde qualquer desvio de conduta é passível de punição. Ele também introduz os diferentes tipos de capital — econômico, social, cultural e simbólico —, que podem ser convertidos em poder dentro desses campos. Esses capitais influenciam decisões e comportamentos de maneira cultural, social, política e econômica. Um exemplo é a moda, que atua como força cultural: mesmo acreditando em sua liberdade de escolha, o indivíduo evita usar certas roupas para não ser ridicularizado pelo grupo.
Manuel Castells e Mark Granovetter contribuem para entender o poder na formação de grupos, como as redes sociais não digitais. Castells aponta que certos indivíduos, os "nós centrais", acumulam poder ao controlar informações e influenciar decisões, enquanto marginalizam outras vozes. Esses indivíduos geralmente possuem altos capitais simbólicos, como experiência ou status, que reforçam sua posição de poder.
Já o poder coercitivo, descrito por Lebrun, age sobre a dependência e vulnerabilidade dos indivíduos. Esse poder não precisa de força física; pode operar por meio de chantagens emocionais, como ocorre em relações pessoais ou por meio do prestigio de uma pessoa considerada importante.
O poder paralelo, por sua vez, desafia a legitimidade das instituições políticas e jurídicas, surgindo como resposta à falta de representatividade nas estruturas formais.
Elton Mayo, em sua teoria das relações humanas, reforça que os grupos têm grande influência dentro das empresas, determinando ritmos e comportamentos. Qualquer desvio das normas grupais pode levar à punição ou exclusão, o que revela como o poder se manifesta até nos menores detalhes das interações sociais.
Estudar sociologia me fez perceber que, embora os fenômenos de poder se reinventem, as lógicas de dominação permanecem. O poder está presente em todas as relações sociais, sejam elas públicas ou privadas. Ter consciência disso não nos torna imunes às suas implicações, mas nos ajuda a compreender e lidar melhor com as dinâmicas sociais. Afinal, empresas e instituições são compostas por pessoas, e é nelas que o poder se manifesta em sua essência.
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