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A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

Alexsandro Araujo


Em a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo Weber começa investigando os princípios éticos que estão na base do capitalismo, constituindo o que ele denomina de seu “espírito”. O principio religioso chamado de “ética protestante”, vai ser o nosso objeto de estudo. Para Weber, o capitalismo não só chamam atenção da sociologia por causa do fator econômico como Marx imaginava, mais o seu crescimento também se deveu ao modo de vida cristão Calvinista.

Weber demonstra então como a outra força principal descrita no seu ensaio, a ética de trabalho ensinada pelos protestantes e também emergente no século XVI, levou esses objetivos mais longe. O pregador protestante Richard Baxter expressou a ética do trabalho em sua forma mais pura: É pela ação que Deus cuida de nós e de nossas ações; o trabalho é moralidade, bem como o fim natural do poder. Dizer “Vou orar e meditar [em vez de trabalhar] é como se um servo se recusasse a fazer um trabalho de grande dificuldade e se limitasse a fazer apenas a parte mais fácil, “e menor”.

Para os Calvinistas: Deus não se agrada de ver as pessoas meditando e orando, Ele quer que elas façam o seu trabalho.

“Um servo verdadeiramente fiel realizará todo o serviço que deve em obediência a Deus , como se o próprio Deus lhe tivesse pedido que o fizesse”. [...] no trabalho é preciso fazer a sua parte. melhor possível e o trabalho deve ser considerado como um dever, que se realiza porque tem que ser realizado. (Livro: A ética hacker, Pg.17).

Na visão cristã tradicional, o céu era um eterno descanso, um domingo eterno, mas enquanto estavam vivos a vida se tornaria uma eterna sexta-feira. Mas com a reforma protestante, a ideia de que o trabalho tinha valor em si se tornou central, para os calvinistas, como weber menciona, o trabalho é uma obrigação moral, Deus deseja que as pessoas cumpram suas tarefas com empenho, quase como uma missão. Essa visão de que o sucesso no trabalho é um sinal de virtude contribuiu para o surgimento de uma sociedade que valoriza o esforço contínuo e a produtividade.


De acordo com (CATANI 1980, p.15):

A concepção cristã medieval considerava o trabalho uma verdadeira maldição, devendo desenvolver-se apenas na medida em que o homem dele necessitasse para a sua sobrevivência, não sendo aceita, jamais, como um fim em si mesmo.

Baseado na ética protestante, Max weber argumenta que o capitalismo moderno não surgiu apenas por motivos econômicos, mas também, por uma mudança de mentalidade, promovida pela ética do trabalho, e que ética seria essa? Primeiro ele destaca que antes da reforma protestante, o trabalho era visto como uma punição, mas na visão calvinista o trabalho era uma vocação, e quanto mais o trabalhador melhorava de vida, mais era um sinal de que ele estava predestinado à salvação.

O Calvinismo se diferenciava do cristianismo católico e luterano, pois os cristãos desse seguimento tinham um interesse também na prosperidade terrena, a qual relacionava à salvação.

Os artesãos católicos trabalhavam para sobreviver, os Calvinistas iam mais além, geralmente ascendiam de cargo, ocupavam posição de destaque nas profissões ou eram os próprios burgueses donos das fabricas.

Nas palavras de (Weber 2004, p.34), “para os católicos o mais importante seria dormir bem, para os Calvinistas seria comer bem”. Isto foi uma crítica à fixação pelo trabalho que se confundia ao desejo material, assim eram visto pelos católicos os cristãos Calvinistas.

A ética protestante fazia uma relação profunda com a honestidade, era um modo de vida baseado na retidão e na confiança. Era um estilo de vida para os calvinistas; cumprir com a palavra contribuiria para manter o credito na praça, uma vez que faltando com a palavra perderia a confiança dos credores e conseguintemente viria o insucesso, dessa forma ele não se veria como eleito. Esse estilo de vida metódico contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo de uma forma bastante significativa; introduzida por uma religião determinista e estilo de vida sistemático em todos os aspectos o qual deveria predominar o ascetismo, os cristãos calvinistas de uma forma natural, sem que fosse o objetivo fim fosse o esbanjamento.

Segundo (CATANI 1980, p.17-18):

[...] junto à valorização positiva do trabalho está também presente no espírito calvinista uma valoração positiva da riqueza criada por esse trabalho. Todavia, essa riqueza criada não deve ser consumida nem gozada e, tampouco, deve ser economizada, no sentido de haver entesouramento.

A disciplina moral levava os crentes a pouparem seus ganhos e, ao mesmo tempo, os inibia de usarem os lucros para o consumo de bens luxuosos. Uma vida de ascetismo o aproximava de Deus. Os lucros geralmente eram reinvestidos na própria empresa capitalista, gerando um movimento repetitivo. Weber viu na ética protestante uma das consequências da evolução capitalista industrial. Mesmo sendo uma questão primitiva de regras baseada na moral e nos costumes, a religião é um freio moral para a sociedade, assim como os fatos sociais contribuem para o cumprimento das normas de convivência social, assim, o ascetismo religioso contribuiu significativamente para o desenvolvimento do capitalismo.

Em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, o autor Max Weber analisa os motivos que levaram o surgimento do capitalismo industrial ter sido desenvolvido em países protestante como a Inglaterra e Alemanha. Analisando principalmente a religião calvinista do ponto de vista principalmente dos Puritanos, Weber discutiu a importância da moral protestante como impulso para as atividades capitalistas. Tais hábitos da religião dos Calvinistas foram cruciais para o florescimento capitalista em contradição com a tradição católica que via a rejeição as práticas econômicas. 

A reforma protestante iniciada pelo monge Lutero, foi crucial para uma ruptura com as normas vigentes da época trazendo a possibilidade para que muitos reinos, condados etc. Se libertassem da tutela papal e fundasse em seus respectivos territórios igrejas nacionais, foi o que aconteceu na Alemanha com Lutero e na Inglaterra com Henrique VIII. Sabemos hoje que a reforma protestante não foi um movimento de um sentimento apenas religioso, mas da junção desse sentimento com um apelo econômico. No Marxismo a explica do ponto de vista econômico, para Karl Marx as religiões são “filhas de seu tempo”, e mais concretamente, filhas da economia, mãe universal de todas as sociedades humanas. 

Assim a reforma surge para a atender àquelas expectativas que estavam surgindo até muito antes do século XVI. Segundo o autor tais práticas do Calvinismo possibilitaram uma legitimação do ganho racional do lucro. O autor inicialmente em seu trabalho, A ética Protestante e o espírito do capitalismo, aponta como foi de tão grande importância a moral protestante com seus dogmas e ensino para o sistema capitalista, que anteriormente era visto como um pecado para a moral católica. 

A nova moral que se estabelecia na palavra de ordem “tempo é dinheiro” possibilitou uma doutrina para os seus fies muito importante, possibilitando o acumulo de capitais e posteriormente tais capitais serem empregados nas empresas capitalistas. Outro fator relevante é a poupança, por quê? Pois antes guardar dinheiro era avareza e pecado, a moral católica dizia: temos que viver em busca da salvação eterna. Foi assim na Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma e por que não no Brasil. As religiões sempre foram importantes para seguridade da ordem econômica, social e política. 

Assim, Weber nos ajuda a entender que o capitalismo é mais do que uma estrutura econômica, ele é,  também / um reflexo de valores e crenças, a ética do trabalho protestante moldou o comportamento e a cultura ocidental, influenciando a forma como vemos o sucesso e o valor do esforço, até hoje, essa ética impacta nossa vida cotidiana.


BIBLIOGRÁFIA


CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. São Paulo: Brasiliense s.a, 1980.


HIMANEN, Pekka. A ética do hacker e o espírito da era da informação. 1. ed. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2001. Prólogo de Linus Torvalds; Epílogo de Manuel Castells.


WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Pulo: Companhia das Letras, 2004.

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